é um sentimento muito bom quando eu faço algo e penso “a eu criança ia amar isso” ou “esse era o sonho da eu criança”.
ontem estava caminhando com meu pai e falei “pai, um dia quando eu era criança e a gente tava andando, eu vi uma moça andando com o pai dela de braços agarrados, e aí pensei ‘quero crescer pra andar assim com meu pai’, aí ele falou ‘então vamos andar assim’”, e ficamos o resto da caminhada de braços agarrados, quando eu era menor não dava, porque eu era baixinha, então ou eu andava de mãos dadas com ele, ou no colo.
a eu criança teria amado aquilo, e eu amei, e amei imaginar a eu criança feliz e realizada por andar com o pai daquele jeito.
também gosto de pensar na eu criança quando estou sendo má comigo mesma. se eu me achar feia, burra, inútil, de alguma forma, vai significar que a eu criança é tudo isso. e ela não é. e eu nunca falaria isso pra ela, porque ela não é nada disso e porque iria deixá-la triste. nunca a deixaria triste.
a eu criança provavelmente iria olhar pra mim agora e pensar “meu deus, você pintou o cabelo!”, “meu deus, você toca esses instrumentos!”, “meu deus, você canta!”, “meu deus, você tem os melhores amigos do mundo” (talvez essa parte não, porque ela acharia que ela tem os melhores amigos do mundo), “meu deus, você passou do oitavo ano, você tá na faculdade!”.
gosto de pensar que ela pagaria o maior pau pra mim, e eu falaria “agora é sua vez, gatinha. você consegue!! vai lá.”. vai lá, pinta o cabelo, toque instrumentos, canta, faça amigos, passa do oitavo ano, faz faculdade.